terça-feira, 25 de novembro de 2008

. As razões do coração .



— Sabe, Zé, Maria é uma menina e tanto — disse o jovem Pedro, ao prender a bola de futebol em seus pés — Ela tem aquele andar todo especial, um jeito único de mexer nos cabelos. Ah, Zé, aqueles cachos.. Tô ficando maluco! Isso sem falar na voz doce que ela tem. Fico babando quando ela mexe nos óculos e começa a falar coisas que pra mim são sem sentido. Pareço até um idiota, porque só digo "uhum".
— É, Pedrinho, isso é amor. E dos bons, sabe... Eu vejo você babar por ela, mas nunca quis dizer nada pra não te deixar acanhado. Mas que bom que você se abriu. Maria é mesmo sensacional. Torço pra que ela corresponda esse seu amor.
— Ê, mano, tá difícil... Ela é toda inteligente. Isso se percebe só pela postura e pelo olhar. Nem precisa abrir a boca. E eu? Sou um idiota! Passo o dia aqui no campo, jogando futebol, enquanto ela tá em casa lendo e estudando. Acho que não tenho chances...
— Relaxa, Pedro, ela vai gostar de você pelo que tem por dentro, e não pelo que é por fora. Você tem um coração lindo, e tá amarradão na dela. Você é pinta, cara. Experimente um banho e uns livros!
— Tu é gay, Zé? Que isso de "pinta", "coração lindo"?
— Tô falando sério, Pedro. Pare de zoar. Sabe, você tem razão... você é mesmo um idiota! Faça por onde Maria gostar de você, ou ser notado por ela, pelo menos.

E assim saiu Zé, deixando esperança no coração de Pedro. No dia seguinte, Pedro estava irreconhecível. No lugar da blusa do time de futebol do bairro, usava uma blusa branca, uma bermuda xadrez, um tênis all star preto e havia tirado o boné, que por anos o acompanhou.
Ao passar pelo jardim, encontrou Maria sentada, com os olhos brilhando de felicidade, só por estar com as flores. Pedro se aproximou sem que ela visse, e arrancou uma flor vermelha do jardim.

— Tome, é pra você. Agora você é uma menina com uma flor.
— Oh, Pedro, você é tão gentil! Muito obrigada! Linda essa flor... Vinícius, hã?

Pedro sentiu seu rosto corar, e o coração pegar fogo de tanta paixão. Ela era realmente linda, ele não mentiu para o Zé. E agora brotava em seu rosto um lindo sorriso. Bastou isso para derreter, enfim, o coração de Pedro.

— Ah, Maria, tenho tanto pra te falar... — sussurou Pedro, ao sentar-se ao lado de Maria.
— Diga, Pedro, estou ouvindo... Há algo que eu possa ajudar? Está com problemas?
— Eu tô, Maria, e tenho certeza que você pode me ajudar. Tô doente de amor, apaixonado, mesmo. Mas acho que essa menina nem repara em mim. Eu sou sempre assim: um menino. E ela tá virando mulher. Tem uma beleza de dar inveja a qualquer menina da sua idade, é toda refinada, inteligente... Acho que não tenho chances, Maria, e isso tá me fazendo doer os ossos de tanta tristeza.
— Oh, Pedro, eu não sei como lhe aconselhar, pois sofro do mesmo mal. Amo um menino, mas acho que ele sequer olha para mim. Penso que ele está ocupado demais com suas atividades, e me acha, no mínimo, estranha. Pense em quantas meninas da minha idade, que você conhece, já trocaram uma boneca por livros. Nenhuma, não é? Vivo sempre trancada em meu mundo, e às vezes nem consigo olhar para ele, porque meu coração treme de vergonha.
— Nossa, Maria, que chato!
— Oh, Pedro, perdoe-me por estar ocupando seu tempo assim, é que eu precisava contar isso para alguém. Não aguento mais... acho que vou me declarar, ou algo assim. Senão, como disse você, meus ossos vão doer de tanta tristeza.
— Maria, você me disse o que eu precisava ouvir! — disse Pedro, ao ajoelhar-se aos pés de Maria, com o olhar mais amoroso que ela já tinha visto — Querida menina, minha menina com uma flor, eu estou apaixonado por você. Não posso passar mais um minuto sem te falar isso. Você me encanta, me apaixona, e eu não consigo mais disfarçar isso. Há muito tempo sonho com você, e com esse momento.
— Pedro, meu Pedro, não é só você quem sonha com esse momento. Meu coração também arde por você. Eu te amo, querido, e há muito tempo quero lhe falar. Fico em minha casa lendo lindas histórias de amor, e imaginando se conosco será diferente. Para uma menina com uma flor*, hein... Já perdi as contas de quantas vezes fiquei a imaginar você recitando pra mim, com uma rosa em suas mãos...
— Ma.. Maria, minha querida, minha linda, minha metade! Você traduz em palavras o que meu coração sente. Acho isso lindo em você... Quero passar todos os meus dias assim, ao seu lado. Prometa que irá me amar até o dia em que passarmos para a outra vida. Me chame de seu todos os dias, pois é isso que serei. E que quero ser, para todo o sempre.
— Meu Pedro, meu amor, com seu calor você derreteu todas as pedras frias de dúvida, que estavam em meu coração. Também quero ser sua Maria, sua amada e companheira. Para sempre.

Ali permaneceram por toda a tarde. As batidas do coração de Pedro eram ouvidas de longe, e o sorriso de Maria o iluminou por todo aquele dia.

*Poema de Vinícius de Moraes.

4 comentários:

Annie Mucelini disse...

q fooofo ^^

bjos minha florzinha

[nao vou nem perguntar qual eh a inspiração ahauahauah]

123 disse...

Tem certeza que as pessoas conversam assim na linguagem informal? Ainda mais um cara que não estuda? Ainda mais falando de mulher? :P

Rute Almeida disse...

Responderei aqui, o que pus no seu orkut, Sr. Gyo! xD


Há um tempo atrás você disse que escrever no perfil dos outros é emo demais pra você... /lixa

Agora já tem a resposta pro poema do meu blog?

O amor muda as pessoas. E no Pedrinho, a mudança não foi só exterior. Além de ter trocado a roupa do corpo, trocou a roupa da alma. :)

Cristiano Almeida disse...

Ainda mudando a roupa da alma, eu prefiro o estilo de conversa do início do poema. ^_^

Tá certo que existia um motivo para a mudança, mas eu a achei muito brusca, tanto quanto exagerada a reação da Maria.

Não é dizendo que o poema foi ruim, ao contrário, gostei bastante. Só uma observaçãozinha. ;-)