quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

. Sozinha no Cais .

Não faça essa cara de quem não entende, meu bem. Você me conhece bem. Bem demais, até. E sabe que eu não voltaria para os seus braços, depois de você ter me abandonado naquele cais.

Eu senti o gosto amargo da sua partida. E foi dor real, não foi manha minha, com a qual você já está bem acostumado. Tinha gosto de fel. Era ruim. Eu nunca havia sentido. E sua expressão de quem não queria nada, fez com que a dor aumentasse, a ponto de fazer uma ferida nascer em minha pele.

Por que hoje você quer voltar para o meu céu? Por que você quer ser o rio que vai encontrar-se com meu mar? Por que você quer ser a canção que meus ouvidos irão escutar segundos antes de eu adormecer toda noite?

A ferida já está sarando. Por favor, não peça para ela abrir novamente. Esse tempo que você ficou fora fez com que ela murchasse. Você não percebe, não é mesmo? É, eu suspeitava... Você ainda não mudou. Só tem olhos para você.

Essa sua vontade de me ver, de me sentir... O que é? Só agora você se deu conta de que precisa de mim, não é mesmo? Mas agora é tarde demais. É a sua vez de encontrar-se com a solidão, meu querido.

Agora você conhecerá a dor que eu tive de conhecer. Beberá um líquido ardente, que vai dissolver todo o teu coração: arrependimento. Quem sabe não só o coração, mas todo o teu corpo.

Você se lembrará de mim todas as noites, para o resto da tua vida. Se arrependerá de ter partido naquele navio, que você nem sabia para onde ia, e nem se sentiria vontade de voltar, e ter me deixado ali, sozinha no cais.

2 comentários:

Cristiano Almeida disse...

Cuidado com ela! :-D

Texto forte, gostei. Só fiquei pensando - não pude evitar - em como seria se o cara, em vez de sentir o terrível sabor do arrependimento, passasse por cima disso com desprezo ainda maior. Aposto que a mulher do texto se morderia de ódio (típico de mulheres que têm seus ataques ignorados). ^^

Rute & Bruno disse...

Cuidado! xD